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Origem do conflito entre religião e ciência

Segundo Russell (1997) sempre houve um conflito entre religião e ciência e nos últimos tempos a ciência tem ganhado inúmeras batalhas sendo importante entender que a origem deste conflito se remonta do passado e reflete até o momento atual. Existem dois tipos básicos de conflitos um primeiro que afronta os que interpretam literalmente a Bíblia e os textos sagrados, principalmente quando a ciência força a pensar diferente. Entretanto se na questão não há relevância religiosa a controvérsia pode ser equacionada, tal como no exemplo que relata que as lebres ruminam. Este fato é refutado e explicado pela ciência e por não ser de relevância o conflito é minimizado.  O outro conflito é mais complexo, já que a ciência põe em dúvida dogmas essenciais a crença religiosa (RUSSEL, 1997).

 

Ainda segundo Russell (1997) a autoridade da Bíblia tinha que se manter intacta para assegurar explicações tal como no caso de um cidadão perguntar ao padre o porquê de não cometer um assassinato. O padre não poderia explicar para ele não cometer tal fato, pois seria capturado e enforcado, já que nem todos os assassinos eram pegos ou mesmo enforcados, sendo assim o padre explicava que ele seria castigado pela ira divina e, portanto caso o assassino escapasse das leis terrenas o mesmo não escaparia das leis divinas. Agora quando a ciência refuta algo na Bíblia como o fez Galileu, estaria encorajando os assassinos a praticarem seus atos.

 

É natural que a evolução esteja no Centro do debate acerca das relações entre educação científica e religiosa, uma vez que é um dos tópicos no ensino de ciências que se sobrepõe de maneira mais clara e contundente ao conhecimento religioso (SEPULVEDA e EL-HANI, 2004). Sendo que Nord (1999) enfatiza ainda mais, atribuindo as relações entre religião e ciência como um dos problemas intelectuais mais profundos dos últimos séculos.

 

Na análise da história da ciência o que se tem mostrado é que muitos conflitos entre a religião e a ciência são na verdade disputas entre facções teológicas rivais ou questões de poder político, prestígio social e autoridade intelectual (BROOKE, 1991). Darwin propôs uma teoria simples e por isto atrairia o pensamento das pessoas para o assunto, sendo assim as pessoas poderiam não aceitar o criacionismo clerical e com isto prejudicar a influência da Igreja (DESMOND e MOORE, 2001)

 

O que se pode entender historicamente é que a religião monoteísta que atuava na Europa durante a idade média foi o cristianismo e ela manteve o controle das “explicações racionais” por um longo período da história até o século XVII quando surge o movimento conhecido por Iluminismo que tenta esclarecer o conhecimento humano, possuindo influência na ciência, na filosofia e na política (DURANT, 1996).

           

Mesmo com o surgimento do iluminismo o meio social era impregnado de espiritualismo até mesmo nos cientistas da época. As ideias de Darwin apresentadas em 1859 abalaram estas convicções, pois permitiram a interpretação científica de determinados fenômenos, sem a necessidade de intervenção Divina. Neste sentido se entende que a “criação” é a noção de que Deus criou o mundo e isto é um preceito básico para a fé de milhões de pessoas e sendo assim toda esta perspectiva culminou com o surgimento de um movimento para questionar Darwin conhecido por criacionismo, movimento este que atua até nos dias atuais.

 

Gould (2002) também relata que existe uma razão psicológica de não aceitarmos facilmente o fato de sermos mais uma espécie dentre outras tantas o que acaba incomodando boa parte das pessoas dificultando o ensino de evolução biológica. Alem do fato da evolução não ter um propósito, o que aos olhos da religião é difícil a compreensão por parte das pessoas já que na religião sempre existe um propósito.

Elaborado por Sérgio Chumbinho na Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências da PUC-MG

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