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Design Inteligente (DI)

A origem desta corrente tem sua base no criacionismo e no argumento que norteava a visão do mundo antes de Darwin que é o argumento do Design (GERMANO e DAL PIAN, 1997). Este movimento também surgiu nos EUA e mistura ideias fixistas e o próprio criacionismo (CALVERT e HARRIS, 2001). Utilizando para tal um suposto método científico para legitimação. As ideias criacionistas estão presentes porque pressupõe alguma consciência criadora e fixista por não aceitar a mudança evolutiva.

 

Este movimento possui alguma força somente nos EUA ganhando atenção quando o então Presidente dos Estados Unidos George W. Bush pronunciou que as escolas públicas norte americanas deveriam ensinar o método DI em agosto de 2005. Uma ação antidemocrática que demonstra desconhecimento da ciência, talvez com motivações políticas que é a abertura que o DI geraria em relação às ideias religiosas.    

 

Esta corrente é uma tentativa de gerar um status científico ao criacionismo através do argumento do Design Inteligente ou Planejamento Inteligente (“Intellingent Design”) (SOUZA, 2009).

 

Segundo Castro e Leyser (2007) os adeptos do Design Inteligente entendem que tudo é produto de uma mente idealizadora e não tem espaço para conceitos como adaptação, convergência ou homologia, portanto tudo é fixo, tudo foi planejado. O DI é uma forma que determina como se deve enxergar a diversidade biológica no Planeta, podendo ser entendida como um método.

Os idealizadores desta ideia foram John H. Calvert e William S. Harris com a publicação de um artigo intitulado “Teaching Origins Science in Public Schools” de 2001. O suposto método envolve três passos básicos sendo que o primeiro é examinar um padrão de eventos para determinar se os mesmos levam uma mensagem ou tem algum propósito discernível ou se reflete uma complexidade específica. O segundo passo é descartar a “necessidade” como uma causa do padrão. O terceiro e último passo é descartar o “acaso” como causa do padrão.

 

Se você encontrar um padrão que reflete função, estrutura ou propósito e você concluir que nada disto parece ser resultado do acaso ou necessidade, então você estará autorizado a inferir razoavelmente que o padrão foi planejado (criado), ou seja, é o produto de uma mente (CALVERT e HARRIS, 2001)

 

O método DI ressalta que uma vez descartado as causas naturais que são o acaso e a necessidade, somente o planejamento de uma consciência pode explicar a existência de sistemas complexos.

 

Segundo Dembski (1999) e Behe (1997) seus defensores argumentam que o DI é uma teoria científica e oferecem provas empíricas da existência de Deus ou de alienígenas superinteligentes e que estas provas estão nos seres vivos e na natureza o que parece que estes argumentos são criacionistas, mas sem referenciar a Bíblia.

 

A difícil tarefa deste método é exatamente a eliminar a necessidade e o acaso como causa dos padrões. Porque os produtos desta mente não são os realizados pela própria seleção natural? A Construção do método DI é uma suposição para explicar a diversidade biológica e objetiva reconhecer nos objetos que ela interpreta (os sistemas biológicos) a interferência desta mente criadora.

 

Os cientistas relatam que no material genético estão as informações para a construção dos seres vivos e na visão DI esta fonte planejadora é uma mente, a simples ideia de que as formas de vida não são perfeitas já abalam os alicerces desta corrente.

 

Falta no DI o conceito de adaptação, ou seja, para esta ideia tudo já foi planejado e a diversidade complexa da vida é explicada como sendo um produto da mente idealizadora e pressupõe um “salto” no tempo no sentido da construção do produto final (os Seres), nesta visão não tem mudanças gradativas como proposto na evolução biológica. Nesta concepção mesmo antes de existir um ser, a ideia do produto já deve existir em algum lugar.

Outras publicações importantes do método DI foi o livro “The mystery of life’s origin” (O mistério da origem da vida) escrito por protestantes ligados a Fundação para o Pensamento e a Ética (FTE). O livro aborda supostos problemas teóricos da teoria da evolução e da impossibilidade do surgimento de alguns seres por causas naturais, pois relata que tudo é resultado da ação de uma “inteligência”. O que na verdade é uma ideia já escrita pelo teólogo do Século XIX William Paley (SOUZA, 2009) e o livro “Of pandas and people” (Sobre Pandas e Pessoas) que emprega explicitamente as ideias da FTE.

 

O DI também foi alvo de ação na Suprema Corte Federal de Justiça Americana em 2005 na Pennsylvania ao julgar o fato de professores de biologia serem obrigados a ler uma declaração de quatro parágrafos antes das aulas de biologia no qual a evolução era duramente criticada e o método DI era recomendado juntamente com a leitura do livro Sobre Pandas e Pessoas. No final o Juiz John Jones III considerou o DI como uma forma de criacionismo e determinou que o mesmo não devesse ser ensinado (SCOTT, 2006).

Elaborado por Sérgio Chumbinho na Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências da PUC-MG

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