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Professor o que ensinar? Que postura assumir?

O professor deve falar somente da evolução como teoria científica e ignorar as outras concepções de caráter religioso e cultural, já que o mesmo é professor de ciência?
Deve falar das duas concepções mesmo não possuindo formação religiosa e deixar os estudantes optarem por uma delas?

Fato é que estas questões não podem ser ignoradas por razões éticas e, portanto a postura do professor não pode ser de total negligência em relação às concepções prévias, ou seja, se o professor impõe a posição da ciência e ignoram as outras concepções, os alunos que tenham conflitos serão prejudicados.

 

Tem-se que também não se pode esperar do professor de biologia começar a ensinar como as religiões explicam os fenômenos naturais e que os mesmos estejam preparados para tal, portanto o entendimento geral é assumir uma postura de distância entre estas duas condutas, podendo utilizar o principio NOMA (MNI) de Gould (1997) neste processo. Assim é tarefa do professor verificar se trata de uma sobreposição de magistérios ou se o conceito técnico de evolução biológica esta correto.

 

O professor que utilizar o princípio NOMA e conseguir manter questões exclusivamente de cada área de conhecimento, pode solucionar grande parte dos conflitos. Para tal, professor e aluno devem elucidar a natureza das explicações religiosas e a natureza das explicações científicas. Posteriormente cabe ao professor de biologia demonstrar que os fenômenos evolutivos pertencem ao magistério da ciência, já que o aluno contemporâneo, além de suas concepções prévias, possui também um grande acesso a informações. Oliveira (2015) relata que o nível socioeconômico e o acesso à informação tem relevância no ensino de evolução.

 

Não se pode também ficar eternamente fazendo ressalvas no conflito para não transparecer um problema insolúvel, mas entende-se que este aluno que possui o conflito principalmente de caráter religioso precisa ser ouvido.

 

Algumas posturas básicas são adotadas pelos professores desde a negação das explicações científicas, adoção do princípio NOMA dos magistrados não interferentes, tentando assim evitar o conflito e têm-se também explicações que buscam conciliar os dois tipos de conhecimento, tentando assim resolvê-los. A opção de defender a interpretação literal dos textos sagrados e bíblicos fazendo o uso da palavra “revelada” como verdade absoluta não pode ser uma postura do professor de biologia no ensino de evolução, já que o mesmo não é, provavelmente, preparado em teologia e muito menos se trata de ensino religioso.

Elaborado por Sérgio Chumbinho na Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências da PUC-MG

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